
Entre as quatro áreas que compõem o estudo da balística, a terminal é aquela que foca no momento mais crucial: o impacto do projétil sobre o alvo. É nessa fração de segundo que a energia acumulada ao longo do disparo se converte em trauma real.
A análise da balística terminal vai muito além da trajetória: envolve fisiologia, física, medicina e, frequentemente, investigação criminal. Diferente das etapas anteriores, aqui o comportamento do projétil se torna altamente imprevisível, pois interage com tecidos vivos e estruturas anatômicas variáveis.
O que define o estrago?
A extensão dos danos provocados por um disparo depende tanto do projétil quanto do tipo de tecido atingido. Velocidade, peso, design da ponta e capacidade de fragmentação ou expansão são variáveis que interferem diretamente na destruição causada.
Projéteis expansivos, por exemplo, deformam-se ao penetrar o corpo, ampliando o canal de lesão e transferindo mais energia em menos espaço. Já tecidos como o fígado e o cérebro, por sua baixa elasticidade, são extremamente vulneráveis a efeitos como a cavitação — quando o impacto gera cavidades temporárias muito maiores que o calibre da munição utilizada.
Três formas de causar dano
Na balística terminal, os ferimentos podem resultar de três mecanismos distintos, muitas vezes atuando simultaneamente:
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Laceramento e esmagamento, provocados pela passagem direta da bala através dos tecidos;
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Cavitação, responsável por rupturas internas causadas pela distensão súbita dos tecidos ao redor do canal balístico;
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Onda de choque, comum em projéteis de alta velocidade, que gera alterações de pressão capazes de danificar estruturas sem contato direto.
Esses efeitos podem ser potencializados ou atenuados conforme a região atingida, a velocidade do disparo e a trajetória seguida pelo projétil após a penetração.
Lesões balísticas: classificações e características
As feridas provocadas por disparos variam conforme o comportamento do projétil:
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Lesões penetrantes ocorrem quando a bala permanece dentro do corpo;
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Ferimentos perfurantes deixam marcas de entrada e de saída;
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Traumas avulsivos envolvem destruição maciça de tecidos, geralmente por munições de alta energia cinética.
Feridas de entrada tendem a ser regulares e limpas, enquanto as de saída exibem bordas irregulares e podem ser significativamente maiores. Nos disparos à queima-roupa, o calor, a fuligem e os gases liberados provocam efeitos devastadores, indo além do dano balístico padrão.
Após o impacto: desvios, fragmentos e reações inesperadas
No interior do corpo humano, a trajetória de uma bala raramente se mantém linear. A interação com ossos, músculos e fluidos pode desviar seu caminho, provocar rotação ou mesmo gerar novos fragmentos.
Ossos fraturados tornam-se, eles próprios, projéteis secundários. Um fenômeno comum no crânio é o “efeito buraco de fechadura”, no qual a lesão de entrada se apresenta maior que a de saída, por conta da deformação óssea.
Casos clínicos mais raros incluem embolia por projétil, quando fragmentos de metal entram na corrente sanguínea, e intoxicação por chumbo em indivíduos com projéteis alojados por longos períodos — o chamado plumbismo crônico, que exige atenção médica contínua.
A loja Utah Gun Store, de Alta Floresta D'Oeste (RO), conclui que a balística terminal é, portanto, uma área crítica que une conhecimento técnico e análise detalhada de efeitos reais, com aplicações que vão do campo médico à cena do crime.
Para saber mais sobre balística terminal, acesse:
https://sanarmed.com/resumo-de-balistica-forense-interna-de-efeitos-e-externa/
https://www.academiadearmas.com/balistica-terminal-um-pequeno-apanhado-sobre-o-assunto/
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